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O uso da biomassa para a produção de energia e biocombustíveis é considerado, atualmente, uma importante alternativa para o ajuste harmonioso entre o desenvolvimento e a conservação ambiental, principalmente em países em desenvolvimento. De acordo com esse propósito, Matheus Bayer Gonçalves, aluno de Engenharia Agronômica, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) desenvolveu, durante estágio profissionalizante, a pesquisa “Zoneamento agroclimático para a cultura do pinhão-manso no estado da Bahia, objetivando a produção de biocombustíveis”. A orientação foi do professor Paulo César Sentelhas, do departamento de Ciências Exatas (LCE).

O pinhão-manso pode produzir duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que pode se estender por cerca de 40 anos. O número é muito superior a outras oleaginosas como soja, mamona e girassol. Além disso, a cultura do pinhão-manso possui baixo custo para a produção, o que pode estimular a agricultura familiar e a conseqüente geração de empregos.

O estudo teve como objetivo determinar o zoneamento agroclimático para a cultura do pinhão-manso naquele estado, empregando-se técnicas de geoprocessamento. Os resultados foram obtidos a partir dos dados de temperatura média anual e de precipitação anual, disponibilizados em bancos de dados da FAO, INMET e ANA. Foram utilizados dados de 328 estações climáticas localizadas na Bahia e estados próximos.

Posteriormente, utilizou-se um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para se confeccionar os mapas temáticos de clima e do zoneamento. As localidades foram classificadas de acordo com as exigências climáticas da cultura em apta, marginal por restrição hídrica ou inapta.

“Embora o pinhão-manso seja apontado como excelente alternativa para a produção de biodiesel, não existem muitos estudos que delimitem as áreas de produção com maiores chances de sucesso. As lavouras comerciais são ainda recentes e os trabalhos de pesquisa, no Brasil, encontram-se em sua fase inicial. Não existe, ainda, material selecionado, sistema de produção, zoneamento agrícola e pouco se sabe do real potencial da planta. Percebe-se que há muito o que se fazer em termos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica com relação à cultura do pinhão-manso”, comenta Matheus.

O estudo conclui que o estado da Bahia apresenta 20,89% de áreas aptas ao cultivo do pinhão manso; 63,95% de áreas marginais por deficiência hídrica e 15,16% de áreas inaptas.

MENÇÃO HONROSA
O trabalho sobre pinhão-manso rendeu ao aluno Matheus Bayer Gonçalves, menção honrosa na categoria Jovem Universitário, do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2008, lançado em 26 de março em Buenos Aires (Argentina) com o objetivo de incentivar a integração regional e a realização da pesquisa científica e tecnológica orientada para o Mercosul.

Estudantes, professores e pesquisadores da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai, receberam em 20 de outubro, os prêmios principais nas categoria Iniciação Científica, Jovem Universitário, Jovem Pesquisador e Integração.

O evento é promovido pela Reunião Especializada em Ciência e Tecnologia do Mercosul (RECyT), tem patrocínio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Petrobrás, com apoio da Unesco, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e do Movimento Brasil Competitivo.

A cerimônia de entrega da honraria integrou a abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília

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